Família

Família

segunda-feira, 9 de junho de 2014

RESPONSABILIDADE

Estava me lembrando do dia em que aprendi, na prática, o conceito de responsabilidade.

Estávamos eu, a Lu, o tio Cesar e a Luange na casa da minha avó. Eu tinha uns 16 anos, a Lu 14 e a Luange uns 4. O tio Cesar precisou dar uma saída rápida e eu pedi para que a Luange ficasse conosco. Foi quando ele perguntou quem ficaria responsável por ela. Eu, na minha inocência, disse que ficaria responsável. Para o meu azar, a menina tropeçou e caiu de  cara nos fios da televisão, ficando com o rosto marcado. Meu tio chegou e chamou a minha atenção. Naquele dia, eu aprendi o que era responsabilidade. Foi uma experiência traumática, mas educadora.

A experiência valeu a pena porque pude entender que responsabilidade é compreender que nossos atos e escolhas têm consequências e que para sermos pessoas de bom caráter, nós temos que assumí-las e se, de algum modo, avocamos a responsabilidade para nós, maior ela fica, não tem jeito! Levei esse aprendizado para a vida e me tornei uma pessoa melhor, mais consciente dos meus atos e muito mais responsável.

Eu não queria que a Luange tivesse caído, mas aconteceu e eu era a responsável. De  algum modo, eu negligenciei. Bom, ainda bem que só foi um susto e ela não se machucou. A marca do fio ficou em seu rosto porque ela era uma bochechudinha linda, assim como é hoje.

Beijos,
Dani.

sábado, 7 de junho de 2014

Onde se acha a felicidade?

Como disse Guimarães Rosa, a felicidade se encontra em momentos de descuido. E ontem, eu tive  um momento de descuido daqueles! Pena que a felicidade nunca é completa.

A vida tem me proporcionado várias descobertas e redescobertas, vários encontros, desencontros e, principalmente reencontros maravilhosos. Redescobri e reencontrei o amor da família do meu pai. Não sei se consigo expressar o quão importante é isso. Mas, nós, por burrices da vida, ficamos um tempo afastados. Tempo triste e solitário... a minha vida era eles, principalmente as minhas primas Ale e Lu e a minha tia Vera. Nós não éramos só parentes, nós éramos unha e cutícula, pão com manteiga, queijo com goiabada, enfim, melhores amigas. E o meu primo Junior? Ele sempre era o meu marido nas brincadeiras. Rsrsrs... E as nossas férias no Rio de Janeiro? Íamos todos. O apartamento de dois quartos ficava lotado. Jogávamos gelo nos vizinhos do prédio ao lado. Rsrsrs... brigávamos, mas no final fazíamos as pazes. Já briguei de  porrada com a Lu. Ela disse que não se lembra. Melhor assim, né?! E os nossos natais? Sempre especiais e com feijoada. Isso mesmo, feijoada! E as rabanadas da minha avó? Delícia! São tantas histórias!

Tudo isso para dizer que ontem a minha família veio me visitar. Todos os tios e primas  reunidos. Faltou a minha avó. Se ela tivesse vindo, eu ofereceria a ela café com leite condensado. Ela adorava e já tomava essa bebida antes da Fnac colocá-la no cardápio pelo preço absurdo.

Mas, afinal, onde achamos a felicidade? Para mim, a felicidade está naqueles que amamos, em estar com eles e em vê-los felizes. E ontem, a minha felicidade esteve na presença do tio Cesar, tia Vera, Luange, Ale, Lu, Fernanda, meus pais, meus sogros e meu irmão Fábio. Que bagunça boa! Dormi feliz.

Beijos,
Dani.

domingo, 1 de junho de 2014

FILHOS

Eu sempre quis ser mãe. Na época, eu não sabia o porquê, só sabia que tinha muito medo da responsabilidade, pois eu teria que abrir mão da minha vida por outra pessoa, e, egoísta como eu era, ter um filho seria um pouco difícil. Meu casamento era tão bom, tão sem compromissos, saíamos a vontade sem hora para chegar, viajávamos, enfim, levávamos uma boa vida de recém-casados. Ainda assim, eu queria ser mãe, talvez, por pressão social.

Como vocês já leram, eu tive um aborto no final do ano de 2008, juntamente com o início dos sintomas da doença. Eu sofri muito, e não entendia porque Deus tinha tirado a oportunidade de ter um filho em um momento tão difícil da minha vida, no qual eu estava doente e ainda não sabia o que tinha. Eu pensava que um filho naquele momento nos traria felicidade, mas hoje eu entendo. Imagina eu, na situação em que me encontro, com um filho de 5 anos. Eu iria sofrer muito mais por saber que eu não poderia acompanhar seu crescimento. Já sofro por causa dos meus sobrinhos, imagine como seria com um filho.

Em certa ocasião, pedi desculpas à minha sogra por não poder dar-lhe netos. Ela me surpreendeu me consolando que não tinha problema, que inclusive muitos casais de hoje optam por não terem filhos. A minha mãe, falando sobre o assunto, disse-me que se ainda tivesse útero, geraria um filho para mim. Coisa de mãe! Também, eu só confiaria esse tipo de coisa a ela ou a uma irmã, se eu tivesse uma. Bom, tive muitas conversas sobre o assunto, principalmente com o meu marido. Foi difícil para nós nos conformarmos com isso. Acho que para ele foi mais difícil. Só que hoje o nosso pensamento mudou. Temos tantos problemas, como por exemplo, manter-me viva, que talvez a ausência de um filho perdeu a sua importância.

Na verdade, eu acho que foi melhor assim. Acho que eu e o Alkinder não temos mesmo perfil para sermos pais, acho que não temos muita paciência e não construímos a nossa casa pensando em crianças: tem muitos vidros, quinas, móveis baixos, piscina, etc... Fora que a minha doença nos toma muito tempo, muito mais do que tomaria um filho, quem sabe.

Entretanto, a impossibilidade de ser mãe me gerou muitas reflexões, algumas delas provavelmente nem teriam passado pela minha cabeça se eu tivesse experimentado a maternidade. Percebi que algumas pessoas criam os filhos para serem bem sucedidos. Outras, menos materialistas, criam simplesmente para serem felizes. Mas, como ninguém pode garantir a felicidade de um filho, nem que rumo sua vida tomará, eu pude entender que ser mãe é um ato de coragem e plena doação, pois ela produz e cuida de algo que não é dela e sim do mundo! Infeliz da mãe que não pratica esse desapego! Deve ser tão difícil.

Eu ainda pude entender em todo esse contexto que o papel de pai e mãe é formar pessoas de bem, de bom caráter. Os pais têm que preparar os filhos para a vida, impor limites e aparar as arestas das más tendências. E se eles fracassarem, serão julgados, condenados e massacrados pela sociedade, por melhores que tenham sido. Mas, também, amarão e serão amados incondicionalmente, por pior que pareça a situação.

De qualquer modo, independente de alegrias, tristezas e dificuldades, acredito que o melhor papel de uma mulher é o de mãe. Quem sabe na próxima encarnação!!!??? Afinal, "que coisa louca, que coisa linda que os filhos são", escreveu o sábio Vinícius de Moraes.

Beijos,
Dani
_________________________________________


Poema enjoadinho

Filhos...Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta

Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Vinícius de Moraes
(1913-1980)