Família

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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

LUTO - NEGOCIAÇÃO - PARTE II

Continuando minhas histórias de luta e de fé em busca da cura.

Centro Espírita de Manaus
Eu fazia o ESDE -Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita na FEB. Minha professora, que é minha amiga até hoje, me apresentou uma colega de outra turma cuja filha havia sido curada de um problema pulmonar em um centro espírita em Manaus. Foram meses de conversa e explicações sobre o funcionamento do centro até eu resolver ir. Fomos eu e minha mãe. Um amigo do Alkinder muito querido, que morava em Manaus,  passeou conosco pela cidade e nos levou ao centro. Chegamos muito cedo: ficamos suando, digo, esperando até tudo começar. A médium da casa atendia incorporando um médico. Ela disse várias coisas, mas só me lembro da parte que disse que minha doença estava muito avançada e que ia ser difícil me ajudar. Acho que foi o único lugar em que ouvi a verdade. Mas de qualquer forma, eu faria o tratamento mais tarde no mesmo dia. Tive que tomar um banho de ervas e colocar uma roupa branca. Assistimos uma palestra e depois eu fui a um quarto cheio de camas. Deitei em uma das camas e fiquei lá por uma hora. Recebi passe, orações, e ainda fiz uma cirurgia espiritual. Como eu não poderia dar continuidade ao tratamento presencial, eles agendaram várias sessões de tratamento a distância. Durante mais de um ano, uma vez por mês, eu me recolhia ao meu quarto no horário agendado, durante uma hora. Gostei muito de lá. Se eu morasse em Manaus, eu teria frequentado o centro toda semana.

Centro Espírita Casa do Caminho - Juiz de Fora
Esse foi o penúltimo lugar que fui. Já não andava mais e não queria saber mais de nenhum lugar ou pessoa que fizesse cura. Eu sabia que se eu ouvisse falar de alguém, a fagulha da esperança se acenderia e eu iria atrás. Eis que a Rede Globo faz um Globo Repórter somente sobre curas. Evitei assistir o programa. Mas uma amiga me liga no dia seguinte me falando sobre esses centro de Juiz de Fora. Lá, a médium, D. Isabel, havia curado seu filho de esclerose múltipla com sessões de passes diários. Pesquisei sobre o centro e resolvi ir. O Alkinder estava de férias, pegamos o carro e fomos eu, Alkinder, meu pai e minha mãe. Foi uma viagem muito difícil porque eu já estava muito debilitada. Os lugares não são preparados para receber cadeirantes. Sofri um bocado. Mas a causa era nobre. Já que íamos até Juiz de Fora, programamos uma parada no Rio e em Resende para visitarmos meus irmãos. Primeiro trecho: Brasília - Belo Horizonte, só para eu poder descansar. Dia seguinte: Belo Horizonte - Juiz de Fora. Fomos ao centro. O lugar estava lotado. Era um salão grande, cheio de gente. Muita gente doente. Meus pais foram a tarde para colocar meu nome na lista de atendimento. No horário marcado começou a palestra com a D. Isabel. Logo depois, começam os atendimentos. Chamavam as pessoas pelo nome. Entramos em uma sala pequena e escura. Éramos umas dez pessoas. Umas oito na maca e duas na cadeira de rodas. Colocaram uma gravação da D. Isabel fazendo uma oração. Logo depois, D. Isabel deu um passe em cada um. Tomamos água fluidificada e saímos da sala. Só isso. De Juiz de Fora, fomos ao Rio e a Resende. O total de uma semana. Na volta, paramos em Juiz de Fora onde passei pelo mesmo processo. Com a diferença que, nessa segunda vez, fui abordada por uma moça ao sair da sala do passe. Ela trabalhava no centro e, como tinha me visto lá na semana anterior, queria me entrevistar. Ela me fez várias perguntas, mas uma me marcou. Não pela pergunta e sim, pela fisionomia da moça ao ouvir minha resposta. Ela me perguntou por que eu tinha ido ao centro. Eu lhe disse que tinha ido em busca da cura. Nesse momento, o rosto dela se transformou e me senti uma idiota por alguns instantes. Eu tinha tanta fé, mas a moça que trabalhava lá não acreditava que era possível. Enfim... Voltei para casa um pouco frustrada. Mas gostei muito de lá. Recomendo!

Seu Valentim - Gama DF
Foi logo no início da doença. Lembro que eu fiquei impressionada com a quantidade de pessoas. Muita gente, muita falação e muita confusão. É um lugar onde você encontra todo tipo de pessoas, do mais pobre ao mais rico. Uma vez, eu vi o Paulo Octávio lá - trata-se de um empresário e político do DF. O atendimento era por ordem de chegada. Para quem estava na fila, o atendimento só começava as 10h, mas eles abriam as 7h. O tempo todo tinha alguém pedindo dinheiro. Quando o atendimento começava, a gente deitava na maca. Seu Valentim, que parecia incorporado, encostava uma tesoura na nossa barriga e pronto. A gente se levantava e ia embora. Depois de ir algumas vezes, me colocaram no grupo de doenças mais graves. Quem participava desse grupo, tinha que chegar até as 7h e ficar no salão principal até as 10h, para absorver a energia do local. Depois das 10h, a gente passava pelo mesmo atendimento com a tesoura. Eu fui lá durante meses, três vezes por semana. No tempo em que frequentei o local, eu não vi nenhum momento de oração. Na época, o Seu Valentim tinha a ajuda de uma médica cirurgiã plástica, apelidada de Xerifa. Uma vez, eu fui com uma camisa da FEB - Federação Espírita Brasileira. Quando a Xerifa viu a camisa, ela começou a gritar que era de lá que vinha minha doença.Ela incorporou ou fingiu que incorporou um espírito obsessor. Ficou se contorcendo e gemendo, como se fosse um monstro. Depois, me disse que eu tinha que parar de frequentar a FEB. Desde esse dia, eu não voltei mais lá. Achei um absurdo! Fora que eu acho que devemos frequentar lugares que nos levam a Deus. Enfim. Só gostaria de deixar claro que eu fui em Seu Valentim em 2009. Não sei como funciona o atendimento lá depois de tantos anos.

Ainda tenho outras histórias que serão compartilhadas em outros posts. É isso!

Obrigada.
Beijo,
Dani.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

UM ANO DE BLOG

Este mês, meu blog faz um ano. Posso dizer que, no que tange aos objetivos propostos, ele é um sucesso. Na verdade, quem me sugeriu fazer um blog foi meu marido. Confesso que minhas pretensões eram poucas. Eu só queria compartilhar minhas vivências como portadora de ElA e, principalmente, minhas ideias malucas. Eu também tinha um medo gigante do fracasso e da rejeição. Mas o negócio tomou uma proporção que eu nunca imaginei.

Quando eu comecei a escrever, eu ainda falava. Bem baixinho, mas falava. Eu já tinha o computador adaptado, mas eu estava em fase de adaptação. Os primeiros posts foram ditados para minhas técnicas e cuidadoras e digitados pelo Alkinder. A medida que fui aprendendo a mexer no computador, fui ganhando autonomia no blog. Até o dia em que perdi totalmente a voz e tive que digitar sozinha os meus textos.

Quando escrevo, eu sou 100% emoção. Procuro não racionalizar. Eu gosto de escrever o texto de uma vez só. Do início ao fim, sem parar. Acho que perco em conteúdo quando escrevo em partes. Além disso, por uma limitação do sistema que uso ou minha, fica muito difícil corrigir algo que já escrevi. Por isso, meus textos apresentam alguns erros de digitação e nenhum rebuscamento.

Hoje, meu blog tem quase 37.000 visualizações. Tive posts que foram lidos por mais de 1.400 pessoas. Percebi que muitos leem o que escrevo pelo título. Outros leem tudo que escrevo e sempre comentam. Aliás, eu adoro os comentários. Os textos menos lidos foram os de dezembro, talvez pela época do ano. E eu acho que se eu não tivesse ficado um tempo sem escrever, o meu blog teria mais visualizações.

Como eu disse mais acima, minhas pretensões eram poucas quando iniciei o blog. Entretanto, foi a melhor coisa que eu poderia ter feito por mim. Porque ocupa meu tempo e, acima de tudo, minha mente. Além disso, é uma forma que tenho de elaborar psicologicamente tudo que sinto. Fora tudo isso, por causa do blog, eu tive a oportunidade de conhecer novas pessoas e rever outras. Tive críticas positivas e negativas. E aprendi a ser um ser humano melhor.

Posso afirmar uma coisa, a obtenção de todos esses benefícios foram por sua causa. Porque você está me acompanhando e me apoiando. Isso é muito importante para mim. 

Aqui, as minhas palavras são eternizadas. E meu desejo é que eu consiga escrever até o fim dos meus dias.

Obrigada por me acompanhar!

Beijo,
Dani. 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

LUTO - NEGOCIAÇÃO

Gostaria de compartilhar com vocês outra fase da minha vida. Vou voltar às fases do luto. Hoje, falarei da negociação. Só para lembrar, o luto tem cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

Na Negociação, há a barganha com Deus. Como eu barganhei! Se alguém me falasse que o fulano fazia cura, lá nós estávamos, eu e minha mãe. Muitas vezes o Alkinder foi, mas ele ia por mim, pois não acreditava. Já eu, acreditava tanto que cheguei a crer que seria possível, que Deus me curaria! Na hora do desespero, fazemos qualquer coisa. Pode acreditar! Fui a igreja católica, igreja evangélica, centro espírita kardecista, candomblé e umbanda. Ah, fui também em lugares laicos. Fui ajudada, enganada e iludida. Contarei a vocês! A ideia é contar tudo em vários posts porque são muitas histórias. Assumo que algumas são absurdas. Ao ler, lembre-se do desespero do meu ser.

Igreja evangélica:
Eu ainda andava e fui ao dentista fazer clareamento dental. O Alkinder tinha comprado o pacote para mim no Groupon. Quando a dentista viu que eu estava doente, disse que era evangélica e que na semana seguinte haveria, em sua igreja, um culto de cura, com um pastor de fora. Na hora agradeci e não dei importância. Mas, no dia, fiquei louca. Me deu vontade de ir, só que eu não tinha o endereço da igreja. Só sabia que ela ficava em Águas Claras. Liguei para todas as igrejas evangélicas de Águas Claras até achar aquela que a dentista havia me descrito. Fomos eu, meu pai e minha mãe. Demoramos mais de 1h para achar a igreja. Chegamos no meio do culto. A dentista me viu e me recebeu super bem. Sentamos e ficamos ouvindo o pastor vindo de Curitiba. Quase no final do culto veio a oração de cura. Logo depois, o pastor começou a pedir dinheiro para os fiéis para pagar o hotel dele. Ele falou que não era caro, só R$ 3.500,00, divididos em 3x no cartão. Ninguém se ofereceu para pagar, apesar da sua insistência. Daí, ele falou de um DVD que ele havia produzido. Disse que não tinha vendido nenhum e que ele tinha resumido o conhecimento de cinco anos de faculdade em três DVDs, de apenas R$ 45,00. Ele disse, ainda, que quem comprasse os DVDs teria uma bênção financeira - teria uma promoção, ganharia algum dinheiro ou algo do  tipo. Quando o culto acabou, a dentista, constrangida, apresentou-me o pastor que ungiu a minha testa com azeite. Agradecemos e fomos embora. Lá fora, vimos a barraca que vendia os DVDs. Estava LOTADA!

Candomblé:
Não lembro como chegamos a procurar o candomblé. Só me lembro que a indicação era quente. A tal mãe de santo resolvia todos os problemas do povo do Senado. Minha mãe foi primeiro e fez uma consulta que foi paga. A mãe de santo disse que tinham feito um "trabalho" para mim e que era por isso que eu estava doente. Para desmanchar o tal "trabalho", ela cobraria R$ 800,00. Entrei em desespero porque eu acreditei nela e não tinha dinheiro para pagar. Quando consegui o dinheiro, eu fui desmanchar o "trabalho". Era em um centro para lá de Valparaíso. Enfim, a mãe de santo pediu que eu fosse de roupa velha. Fomos à área externa do centro. Pediram para eu fechar os olhos e não abrir de jeito nenhum. Lógico que eu olhei e o que eu vi não parecia valer os R$ 800,00. Tudo bem que tinha a parte da mulher... Bom, ela colocou algumas travessas com comida ao meu redor. A cara e o cheiro estavam ótimos. Ela começou a cantar e a jogar a comida em mim. No final, para encerrar a performance, ela tocou fogo em um punhado de pólvora, pediu para eu tomar um banho de ervas e jogar a roupa fora. Antes de irmos, ela disse que eu teria que ficar isolada e sem comer carne por sete dias. E que, ao final do sétimo dia, eu teria que dar um brinquedo para sete crianças e comida para sete pessoas. Assim o fiz. Comprei brinquedo, arroz e feijão. Resumo da história: se aproveitaram da minha ignorância e do meu desespero para me enganar. No dia em que fui ao centro, eu saí de lá sentindo que tinha algo errado. mas mesmo assim dei continuidade às orientações da mãe de santo. Eu precisava de uma esperança, mesmo que falsa! Pelo menos, fiz sete crianças e sete pessoas felizes. Na maior parte das vezes, nós acreditamos que há situações que nunca acontecerão conosco. Mas acredite! Acontece!

Em breve haverá novas histórias.

Beijo,
Dani.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Cadáver!?

Nesse último sábado, uma das técnicas de enfermagem que cuida de mim teve o pai acidentado e não veio trabalhar. A empresa que presta o serviço, no meu caso a Unisaúde, enviou uma cobertura, ou seja, uma outra técnica para substituir a que faltou. É muito ruim ter cobertura porque a pessoa que vem não conhece minha rotina e nem a mim.

A mulher chegou super mal educada. Ignorou-me o tempo todo. Disse que sabia tudo; afinal, tinha 18 anos de experiência. Mas não conseguiu fazer a medicação pela gtt e, muito menos, me aspirar. E gente, gtt e aspiração são procedimentos básicos de enfermagem. No final das contas, minha cuidadora, que nunca tinha me aspirado, teve que fazê-lo. Aliás, foi ela que me salvou.

Para completar, a mulher saiu daqui dizendo que eu era um cadáver e que por isso, as coisas tinham que ser do jeito dela e não do meu. Fiquei pensando que tipo de cadáver eu sou. Cheguei a conclusão que eu sou o pior deles porque eu penso e sinto. Realmente, eu devo ser assustadora para pessoas de mente pequena e imbecilizadas. Claro que eu me torno um cadáver quando percebo as falhas de uma pessoa que se diz tão perfeita.

Gostaria de dizer que eu sou igual a você. Uma pessoa normal. Com sonhos, desejos, medos e inseguranças. O mínimo que todo mundo merece é respeito. Eu também. E não é porque eu estou doente e sim porque sou um ser humano.

Este post é um desabafo. Estou cansada de ser desrespeitada por profissional despreparado, de ver as coisas se repetirem e nada mudar. Fiquei muito chocada com a postura da mulher e grata pela equipe que eu tenho. É isso.

Beijo,
Dani.