Família

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

LUTO - NEGOCIAÇÃO

Gostaria de compartilhar com vocês outra fase da minha vida. Vou voltar às fases do luto. Hoje, falarei da negociação. Só para lembrar, o luto tem cinco fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

Na Negociação, há a barganha com Deus. Como eu barganhei! Se alguém me falasse que o fulano fazia cura, lá nós estávamos, eu e minha mãe. Muitas vezes o Alkinder foi, mas ele ia por mim, pois não acreditava. Já eu, acreditava tanto que cheguei a crer que seria possível, que Deus me curaria! Na hora do desespero, fazemos qualquer coisa. Pode acreditar! Fui a igreja católica, igreja evangélica, centro espírita kardecista, candomblé e umbanda. Ah, fui também em lugares laicos. Fui ajudada, enganada e iludida. Contarei a vocês! A ideia é contar tudo em vários posts porque são muitas histórias. Assumo que algumas são absurdas. Ao ler, lembre-se do desespero do meu ser.

Igreja evangélica:
Eu ainda andava e fui ao dentista fazer clareamento dental. O Alkinder tinha comprado o pacote para mim no Groupon. Quando a dentista viu que eu estava doente, disse que era evangélica e que na semana seguinte haveria, em sua igreja, um culto de cura, com um pastor de fora. Na hora agradeci e não dei importância. Mas, no dia, fiquei louca. Me deu vontade de ir, só que eu não tinha o endereço da igreja. Só sabia que ela ficava em Águas Claras. Liguei para todas as igrejas evangélicas de Águas Claras até achar aquela que a dentista havia me descrito. Fomos eu, meu pai e minha mãe. Demoramos mais de 1h para achar a igreja. Chegamos no meio do culto. A dentista me viu e me recebeu super bem. Sentamos e ficamos ouvindo o pastor vindo de Curitiba. Quase no final do culto veio a oração de cura. Logo depois, o pastor começou a pedir dinheiro para os fiéis para pagar o hotel dele. Ele falou que não era caro, só R$ 3.500,00, divididos em 3x no cartão. Ninguém se ofereceu para pagar, apesar da sua insistência. Daí, ele falou de um DVD que ele havia produzido. Disse que não tinha vendido nenhum e que ele tinha resumido o conhecimento de cinco anos de faculdade em três DVDs, de apenas R$ 45,00. Ele disse, ainda, que quem comprasse os DVDs teria uma bênção financeira - teria uma promoção, ganharia algum dinheiro ou algo do  tipo. Quando o culto acabou, a dentista, constrangida, apresentou-me o pastor que ungiu a minha testa com azeite. Agradecemos e fomos embora. Lá fora, vimos a barraca que vendia os DVDs. Estava LOTADA!

Candomblé:
Não lembro como chegamos a procurar o candomblé. Só me lembro que a indicação era quente. A tal mãe de santo resolvia todos os problemas do povo do Senado. Minha mãe foi primeiro e fez uma consulta que foi paga. A mãe de santo disse que tinham feito um "trabalho" para mim e que era por isso que eu estava doente. Para desmanchar o tal "trabalho", ela cobraria R$ 800,00. Entrei em desespero porque eu acreditei nela e não tinha dinheiro para pagar. Quando consegui o dinheiro, eu fui desmanchar o "trabalho". Era em um centro para lá de Valparaíso. Enfim, a mãe de santo pediu que eu fosse de roupa velha. Fomos à área externa do centro. Pediram para eu fechar os olhos e não abrir de jeito nenhum. Lógico que eu olhei e o que eu vi não parecia valer os R$ 800,00. Tudo bem que tinha a parte da mulher... Bom, ela colocou algumas travessas com comida ao meu redor. A cara e o cheiro estavam ótimos. Ela começou a cantar e a jogar a comida em mim. No final, para encerrar a performance, ela tocou fogo em um punhado de pólvora, pediu para eu tomar um banho de ervas e jogar a roupa fora. Antes de irmos, ela disse que eu teria que ficar isolada e sem comer carne por sete dias. E que, ao final do sétimo dia, eu teria que dar um brinquedo para sete crianças e comida para sete pessoas. Assim o fiz. Comprei brinquedo, arroz e feijão. Resumo da história: se aproveitaram da minha ignorância e do meu desespero para me enganar. No dia em que fui ao centro, eu saí de lá sentindo que tinha algo errado. mas mesmo assim dei continuidade às orientações da mãe de santo. Eu precisava de uma esperança, mesmo que falsa! Pelo menos, fiz sete crianças e sete pessoas felizes. Na maior parte das vezes, nós acreditamos que há situações que nunca acontecerão conosco. Mas acredite! Acontece!

Em breve haverá novas histórias.

Beijo,
Dani.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Dani, conheci a sua história por uma técnica de enfermagem sua e fiquei muito emocionada pela sua força e determinação. Já li algumas postagens suas e gostei muito do jeito que você expõe escreve. Você é divertida, inteligente e tem muito discernimento e sensibilidade, alem de ser um exemplo de superação. Grande abraço!

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  3. Dani,

    Acho que é um caminho natural nos apegarmos a todas as promessas de vida, assim como fazemos com a medicina, que também tanto nos ludibria.
    A medida que os problemas aparecem, sou tentada a seguir várias doutrinas, vários profissionais. São muitos os convites. A lista de médicos vai ficando grande.
    Acho que negócio é agarrar naquilo que nos traz mais conforto ... não tem muita regra. Mas, realmente, lidar com a enganação é bravo.
    Bjs, querida, e que Deus te ilumine!

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