Família

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Recomeçar

Não sou santa, nunca fui santa e nunca serei santa. Sou uma pessoa cheia de defeitos e qualidades como qualquer outra. A doença não me faz santa, mas com certeza me faz uma pessoa melhor porque me faz repensar minhas crenças e valores. Independente de qualquer coisa, idosos, doentes e pessoas acamadas merecem um cuidado especial. Afinal, são pessoas que não conseguem se defender das maldades do mundo.

Olhem a minha situação. Eu não mexo nenhum músculo do meu corpo. Nenhum mesmo. Dependo de um aparelho para respirar. E todo dia eu sou obrigada a recomeçar. Eu digo que sou obrigada porque há momentos em que não quero recomeçar. Há dias em que eu queria apenas esperar a morte chegar. Mas como eu sempre opto pela vida, eu também sou obrigada a superar esse momento. E a cada perda, física ou emocional, eu tenho que recomeçar.

Infelizmente, o meu recomeçar está sempre relacionado a uma perda, nunca a algo positivo. E por mais que eu recomece, eu nunca vou ter uma vida "normal". Eu recomeço para me manter viva, para sobreviver. Eu tive que redefinir alguns sonhos e desistir da maioria. Para sobreviver, eu criei outros projetos de vida. E hoje eu penso : se, de certa forma, eu consigo recomeçar, todo mundo consegue. Basta ter fé e acreditar em si.

Desejo que nesse recomeço de ano, você pense nisso. Independente dos seus problemas, tenha coragem de recomeçar pelo simples fato de estar vivo. Afinal, toda vida é preciosa e é um presente de Deus.

Feliz ano novo. Feliz 2016!!

Obrigada.
beijos.
Dani

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Responsabilidade II

Eu já escrevi sobre responsabilidade uma vez. Mas agora, o foco é outro. Gostaria de compartilhar com vocês a responsabilidade que é escrever um blog. O pior é que depois de quase dois anos, eu fui me dar conta somente agora dessa responsabilidade.

Todos os dias eu tenho a noticia de que alguém que não conheço está lendo meu blog, seja por mensagem ou por alguém que me conta. Mas a última notícia que tive, me deixou muito orgulhosa, mas também receosa porque me abriu os olhos para a responsabilidade do que escrevo. Afinal, atualmente, todo mundo tem acesso a internet e ao meu blog.

Vou contar o que aconteceu. Alice, uma menina de 9 anos, estudante de uma escola da Ceilandia (bairro aqui do DF)  e filha de uma colega de trabalho de uma amiga minha teve um trabalho de escola para fazer. O trabalho era para indicar uma pessoa com deficiência que se destacava na sociedade.

Sabem quem ela escolheu???  Eu, euzinha mesmo. Ela disse que eu me destacava na sociedade porque eu mudava as vidas das pessoas com o que eu escrevia no blog.  Minha amiga trouxe o trabalho para eu ver. Uma gracinha. Ela imprimiu minha foto e o texto que ela mais gostou (Escolhas http://daninepomuceno.blogspot.com.br/2015/09/escolhas.html).

Enquanto os colegas escolheram pessoas públicas, ela escolheu alguém desconhecido como eu. Nem preciso dizer o quanto fiquei feliz e orgulhosa com isso. É um privilégio poder ajudar alguém de alguma maneira,  estando na condição que estou. É muito bom se sentir útil apesar de tudo que passo.

Enquanto isso, meu blog, sem pretensão nenhuma, vai dominando o mundo!!!  Kkkkkk Agora com mais responsabilidade!!!

E a Alice, tão jovem, nem sabe que quem mudou a minha vida foi ela. Obrigada, pequena e precoce Alice.

Obrigada
Beijo
Dani

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Moradia e Qualidade de vida

Não há lugar melhor no mundo que nossa casa.  Com toda certeza,  o lugar onde moramos reflete nossa qualidade de vida.  Seja pelo conforto,  pela distância do trabalho ou simplesmente por ser o nosso cantinho.

Quando construimos minha casa, eu já estava doente. Não sabíamos o que eu tinha, mas mesmo assim, eu pedi para fazer a casa adaptada.  Meu pedido foi negado e dois anos depois, diagnosticada com ELA e na cadeira de rodas, tivemos que reformar a casa.  Por um lado foi bom porque na época eu era paciente do Hospital Sarah e a equipe de lá nos orientou na reforma, Inclusive com visita técnica multidisciplinar.

Foi então que tive qualidade de vida. Atualmente, eu posso frequentar qualquer ambiente da minha casa. Isso não tem preço. Meu quarto não tem janela, ele tem uma porta que dá direto para varanda. Isso facilita meu deslocamento pela casa e o acesso da ambulância porque tem um portão do lado do meu quarto que dá direto para a rua. Além disso, eu consigo ver a varanda,  a piscina e  as pessoas quando estou deitada na cama. Ainda tem meu banheiro todo adaptado que é espaçoso e arejado. Com ele,  eu tenho mais conforto no meu banho. Enfim, por melhor que fosse um apartamento, ele jamais me proporcionaria tanto bem estar e  qualidade de vida como a minha casa. Afinal, ela foi adaptada pensando em todas minhas necessidades. Para um deficiente físico ter todas essas oportunidades de deslocamento, conforto e vida é muito importante porque aumenta nossa expectativa e qualidade  de vida. Esqueci de falar da Nina, minha cadela, que torna meus dias mais felizes e é parte essencial no meu tratamento. Quando nos mudamos para casa, meu marido não queria cachorro porque ele já havia tido alguns e eles davam muito trabalho. Realmente, ele estava certo. O trabalho é enorme, mas é recompensador. É uma delicia ter cachorro.

Tivemos muita sorte na hora de mobiliar nossa casa porque ganhamos muita coisas.  Ganhamos móveis aleatórios que juntos combinaram e deram certo. Pelo menos, eu adoro a decoração da minha casa. Uma das minhas tias materna nos deu as 4 mesas e 16 cadeiras que ficam na varanda,  2 sofás de 2 lugares, uma mesa de centro,  uma mesa lateral e uma oratória. Uma outra tia materna nos deu a mesa da cozinha, com 6 cadeiras e 2 cadeiras de ferro. Meus pais nos deram o fogão da cozinha,  um freezer,  a geladeira da churrasqueira, um sofá de 2 lugares, a mesa de jantar, uma mesa de centro e uma mesa lateral . Minha sogra nos deu uma cama de solteiro. Apesar da mistureba, a decoração deu certo,  ficou aconchegante e a minha cara.

Na verdade, não importa como é a nossa casa, se ela tem mobília, se É bem localizada ou não. O que importa é que ela é o nosso refúgio. É o lugar onde podemos ser nós mesmos. Onde nos despimos de nossas máscaras. Por isso, eu sempre falo, só quem sabe o que acontece em uma casa é quem mora lá. Você pode frequentar aquela casa e mesmo assim não saberá os segredos daquelas paredes. Isso é bom. Afinal, precisamos de um lugar assim.

Desejo que sua casa seja mais que um amontoado de paredes e mobília. Para ter qualidade de vida em nossa casa, ela precisa ser um lar repleto de pessoas que se amam e se respeitam.  Desejo isso a você, amigo leitor.

Um agradecimento especial as minhas duas tias maternas, aos meus pais e a minha sogra pela ajuda .

Obrigada.
Beijo.
Dani.