Família

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A INVEJA MATA?

Quando a gente tem consciência da morte, a gente quer resolver todas as pendências antes de partir. Hoje eu vim confessar que eu tive inveja de verdade, daquela que mata, mas por uma única vez na minha vida. Eu e o Alkinder sempre quisemos ter filhos e, em 2008, resolvemos tentar um. Em novembro daquele ano,  no mesmo dia que eu descobri que estava grávida, entrei em processo de aborto. Como os sintomas da minha doença começaram na mesma época, resolvemos esperar até descobrir o que eu tinha. Eu acho que foi mais difícil para o Alkinder do que pra mim. Eu queria ser mãe, mas eu acho que ele queria mais ainda ser pai. Tivemos que superar esse problema e eu demorei muito a entender a vontade de Deus. Nós dois, além de sermos os filhos mais velhos, fomos os primeiros a casar. Na teoria, teríamos que dar os primeiros netos às nossas famílias.

Com o passar do tempo, eu fui piorando da doença, mas um filho ainda era um sonho. Daí, no dia dos pais de 2011, a Amanda, irmã do Alkinder, chega com a notícia de que estava grávida. Como assim? A inveja tomou conta de mim! Eu tinha que ter tido filho primeiro, e Deus, com a doença que havia me imposto, tinha me tirado a oportunidade. Eu nem conseguia olhar para ela, e me vinha na cabeça a minha doença, o aborto, e tudo mais.

 Em dezembro do mesmo ano, no aniversário do Alkinder, ela e o Thiago, o pai, nos convidaram para sermos padrinhos do bebê. Ali, algo se quebrou, e eu, que já me sentia tão mal, fiquei pior ainda por invejar uma pessoa que eu gostava. Ela, mesmo considerando que eu estava doente, em um gesto carinhoso, me chamou para ser madrinha do filho dela. Nesse momento, a inveja foi embora e, de repente, me veio o sentimento de amor por aquela criança. Não sei se o convite foi porque eu sou casada com o irmão dela, pois eu achava que uma prima muito querida da Amanda fosse ser a madrinha, como, de fato, foi madrinha de consagração. 

Enquanto eu pude, me fiz presente, e até ajudei a organizar o chá-de-fraldas, mas hoje, para mim, a Lívia é a madrinha de verdade, porque ela se faz presente. Eu acho que o convite veio pra mim porque sou casada com o Alkinder, afinal  o que eu posso oferecer ao Otávio? Mas agora, isso não importa. Na verdade, nunca importou! O que importa foi a preocupação, o gesto de atenção e carinho que ela teve comigo.

Eu descobri que a inveja é um pecado capital e, segundo a fé católica,crença professada pela a Amanda, essa prática é condenável . Por isso, todas essas palavras são para pedir perdão à Amanda e ao Otávio, pessoas que aprendi a amar, e, o pequeno, amo como se fosse um filho. 

Graças a Deus, eu descobri, a duras penas, que a inveja não mata!

Beijos,

Dani

12 comentários:

  1. Linda sua declaração mas você é generosa e tem um coração enorme. Tem pessoas que a inveja destrói tudo ... seca pimenteira (risos). Beijos minha linda e uma noite sono leve com Jesus e Nossa Senhora.

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  2. Dani, tenho acompanhado todos seus textos. Aprendendo muito com ele ... estou foi sensacional! Parabéns por mostrar e ensinar a MUITOS. Bj.

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  3. Não poderia deixar de comentar esse post. Sua leveza em abordar um assunto tão denso, e ter a coragem de compartilhá-lo com o mundo, são de uma inveja de matar! Gosto de gente transparente, que não faz conluio, que não conspira pelas costas e não subverte, características fortes em você, por quem continuo me apaixonando a cada dia. Certo estou de que suas palavras farão escola!

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  4. Lindas e comoventes palavras, Dani!
    Deus te abençoe pela coragem e pela postura tão nobre.
    Bjo da amiga q pouco conviveu, mas te quer muito bem.
    Cláudia Leão

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  5. Casal espetacular. Ambos guerreiros fortes e corajosos. Amo, de verdade, os dois.
    Faço apenas um comentário: Deus não nos impõe nada; nós é que, naturalmente, servimos aos Seus propósitos, alguns de forma mais branda e discreta, outros nem tanto. Você, Dani, assim como o Alkinder, são exemplos de fé, dedicação, cumplicidade, entrega, amor e mais um bilhão de qualidades que não caberiam aqui. Talvez alguns dos propósitos de Deus fosse realmente uni-los e usá-los como exemplo para todos nós.
    Esporadicamente incluimos vocês em nossas orações.
    Que Deus vos abençoe sempre!

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  6. A inveja é um sentimento intrigante. Apesar de todos nós o experimentarmos, ninguém gosta de reconhecer quando o está sentindo. Afinal, é um sentimento controverso: indica que algo positivo desperta algo negativo. Te admiro cada vez mais, principalmente por você ser transparente e verdadeira. Eu achava que isso fosse um defeito, pois eu também sou assim, você bem sabe, ,já conversamos muito sobre essa nossa característica que muita das vezes não é entendida pelas pessoas. Hoje vejo, que ser transparente, sincera, verdadeira é uma virtude e como seria bom que todos fossem assim, assumissem seus defeitos e seus erros. Pessoas verdadeiras e transparentes são justas.Te amo muito.Bj no coração.

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  7. PQP hein! Mulher de coragem! Por isso é madrinha do meu filho! Inveja não mata...mas tenho engordado....
    Piadas a parte, Dani, foi muito nobre a sua atitude de colocar isso em público, mesmo porque sabemos que não precisava. Poderia ter falado só para mim. Depois acho que todos sentimos inveja de alguém, em algum momento da vida. Inveja branca como se diz, inveja como a sua que com certeza nunca me desejou mal, apenas desejou ter o mesmo: um filho.
    Nós, psicólogas, e todo o resto do mundo sabe que isso existe. Mas para que falar né? É do humano. Todos nós sofremos de algum pecado capital. Eu assumo aqui os meus: gula, preguiça, inveja. Inveja sim. Inveja de quem ganha 30 mil reais e pode ter o que quer, inveja de quem é tranquilo e leva a vida sem tanta ansiedade. Inveja branca. Inveja até de quem tá de férias.
    Católica sim, e o pecado da inveja sob os olhos da Igreja está no mal. No desejar mal, no querer mal. Ou seja, não acredito que tenha cometido tal pecado, como eu também não, e a maioria de nós, pessoas de bem, também nunca cometeu.
    Você é madrinha, segunda mãe. Otávio a reconhece e chama de Dindinha. Escolhida por ser uma pessoa que admiramos profundamente (e já era assim, não porque está doente), uma mulher decidida, uma pessoa de bem, de respeito, amável. Alguém a quem eu confiaria de olhos fechados o meu maior tesouro. Ainda bem que além de tudo isso, é casada com meu irmão.
    Não há porque pedir perdão. Mas se é importante, sinta-se perdoadíssima por mim e pelo Ota. Para além disso, você sabe e todos que convivem conosco, que é enorme nosso amor por você. Amor de verdade, amor de família!
    Talvez agora eu emagreça! Rs.
    Beijosssssssssss.

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  8. Dani!

    Parabéns pela coragem, ensinamentos e pelo texto. Eu, como professor, agora senti inveja da qualidade do teu texto e sabedoria nas palavras!
    Mesmo longe, eu e Ana (minha esposa) te acompanhamos!
    Que Deus te abençoe!

    Alexandre Ramos (Tio da Paula)

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  9. Dani querida, a inveja mata sim. Mata aos poucos quando a pessoa invejosa não tem coragem de assumir, declarar e pedir perdão. Você nos deu uma lição maravilhosa com sua corajosa declaração. E como disse Marília, a virtude de ser clara, direta, positiva e autentica não é para qualquer um não. Tenho um bocado disso também. Continuo te acompanhando e admirando sempre um pouco mais. Beijos dessa tia aderente.

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  10. Confesso: diante de uma história tão sublime, me senti pequena, porque, por razões bem menos nobres, eu já senti inveja...
    Dani, se não fossemos todos pecadores, não estaríamos aqui, certo?
    "Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.", disse Jesus.
    Não somos perfeitos... Não somos uma fonte inesgotável e pura de sentimentos nobres...
    Não neste mundo!!!
    Você é realmente uma alma iluminada! Incrivelmente evoluída...

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  11. Dani esse é o verdadeiro processo evolutivo, conviver com vc já é uma escola e estou aprendendo a cada dia a ser um ser humano melhor, apesar de ser como vc me falou...
    Que aprendemos apenas com o sofrimento, dura escola essa vida. Parabéns por estar nos ensinando de uma forma tão sublime.
    Beijo!

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  12. Dani cada dia admiro mais sua autênticidade e evolução. BJS

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