Família

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sexta-feira, 21 de março de 2014

O DESAPEGO

A ELA é uma doença cruel. Por causa dela, fui obrigada a praticar o desapego. O desapego começou com coisas pequenas. Primeiro, tive que abrir mão de lavar louça, fazer os bolos que tanto gostava. Depois, foi a calça jeans que não conseguia abotoar; daí comecei a usar calça de malha. Eu ainda trabalhava e precisava ir ao banheiro sozinha. Daí, a importância de usar uma roupa que eu conseguisse colocar e tirar sozinha. Não conseguia mais tirar a calça, então só usava vestido. Fiquei meses usando só vestido, sapatos abertos que não precisavam prender, os mesmos brincos, não usava bolsa porque não conseguia carregá-la, até parar de andar, depois de respirar e comer, enfim...  Fui abrindo mão da minha vida, de coisas que parecem pequenas, mas que juntas são gigantescas! A prática do desapego era uma constante e foi necessária muita coragem para viver. A cada desapego, uma tristeza. Tento aprender a viver uma vida que tira mais que do que dá.

Eu costumo dizer que por pior que seja, se desapegar de coisas materiais é até fácil quando comparado ao desapego das pessoas. O amanhã a Deus pertence, mas o meu amanhã é certo, só o tempo é incerto. E por isso, eu sofro. Sofro por saber que não acompanharei o crescimento dos meus sobrinhos, que nunca mais irei à casa da minha mãe, sogra e amigos. Quando meu irmão caçula se casar, eu não estarei lá. Sofro pelo sofrimento do meu marido e dos meus pais. Sofro pela vida que escolhi.

Eu não aceito todo esse sofrimento e, por não aceitá-lo, sei que sofro mais, porque sei que a aceitação traria a paz que tanto busco... Por isso não consigo alcançá-la.

Beijos,
 
Dani.

16 comentários:

  1. Dani como você mesma disse o tempo a Deus pertence. Sei que é muito difícil e entendo, um pouco, o que sente pelo que vivenciei com meu pai. Sei também que é uma guerreira e que a paz que busca chegará. Te amo muito

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  2. Querida Dani, Eu não me atreveria a dizer muito diante de seu depoimento tão profundo e tão sentido. Apenas desejar, que você possa ter seu sofrimento diminuído à cada dia e à cada carinho que recebido de sua família. Que seu coração possa receber o alento que os bons anjos te levarem. beijos no coração!

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  4. Filha, hoje pela manhã, eu estava conversando com o Andrei justamente sobre o desapego. Falava para ele como eu tinha me daspegado das coisas materiais, exemplo: sapatos,bolsas, roupas,etc. Como nossos valores mudaram. Como essas coisas não nos interessam mais, não têm mais tanta importância como antes. Como vc falou, a doença também tem seu lado bom e esse foi um deles. Conseguimos nos espiritualizar e a praticar o desapego, que é o que a doutrina espírita nos ensina. A doutrina nos ensina que tudo nos é emprestado por Deus, principalmente os filhos, que não são nossos, são Dele. E esses filhos tão amados, vêm com a missão de nos ensinar tanta coisa, como aprendi e aprendo a cada dia, com vc. Vcs vêm nos ensinar o que é o amor incondicional, o que e amar de verdade.
    Ainda não perdi a fé, nem posso perdê-la, pois sem fé, vou ficar longe de Deus e do que acredito. Se desapegar das coisas materiais é fácil, o difícil é se desapegar das pessoas que amamos. Qundo li seu texto me emocionei e chorei. Estou com saudades. Com essa distância já estamos praticando o desapego. Te amo muito. Que Jesus e Mãe Maria te envolvam com seus mantos de amor e luz. Bj no coração.

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    1. "Nada é nosso, tudo nos é empréstimo."
      Tenho 5 filhos que Deus me confiou, sei que foi confiado, que devo cuidar da melhor maneira que posso. Mas praticar o desapego é mesmo difícil demais. Que Jesus e nossa mãezinha nos ajude a praticar, nos ensine Maria a praticar, a entregar os filhos de volta ao Pai.

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    2. Marilia, jamais terei noção do tamanho da tua dor. Não tenho ideia, mas considero que partilho contigo um pouco dela. Choro a cada nova postagem da Dani. Ao mesmo tempo fico impressionada com a capacidade de doação, apesar da revolta que a afeta muito. Às vezes me revolto bastante e chego a brigar com o Pai Eterno. Mas como você mesma diz, os filhos são emprestados a nós para que cuidemos deles e possamos devolve-los. E vamos tentar praticar o desapego dessa dor. Te amo muito. bjus

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  5. Dani, já falamos algumas vezes nesse assunto e sei q não e fácil. Você tem conhecimento q com a aceitação o sofrimento será menor e isso já te deixa na frente de muitos. A prática sem dúvida é mais difícil q a teoria, então minha amiga( me permita), agora é o bater na tecla, o treinamento e o valorizar cada mudança conquistada por menor q seja, td te ajudará a chegar na aceitação e consequentemente no desapego. Estamos juntas. Bjs

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  6. Dani, querida... todas as palavras que eu buscar não chegarão a manifestar o que me fez sentir... Sou grata por te-la conhecido por pouco tempo... Grata por saber que existe e és uma pessoa linda, em todos os apectos... Choro de emoção, nada mais... Sou pequena... Sou desapaegada, mas ainda há muito mais a me desapegar... Seu depoimento é inspirador, acredite!! Te amo... Te amo, prima!!! Compartilho de tuas descobertas e inseguranças... de teus medos e incertezas.... Somos todos UM. Beijinhos com meu carinho.... sempre mais!!

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  7. É para refletir e desapegar.....seus posts me deixam Com necessidade de ser melhor.

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  8. Oi Dani..... como é difícil me expressar ao ler esse depoimento..... Concordo com vc mas lembro que o desapego liga-se ao aprendizado, que se liga a purificação que se liga aceitação que se liga a ser forte e que se liga ao Ser Supremo. Portanto, muita força para você....Sei que sua luta é diária....mas sua Fé é muito maior que você imagina...

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  9. Em 2003, eu perdi minha mãe. No dia seguinte à morte dela, eu estava na sala da chácara(onde minha mãe morava) e uma garotinha de 3 anos (filha do caseiro) estava no meu pé brincando. Ela era muito ligada à minha mãe. Eu estava falando mentalmente com minha mãe. Eu disse: "obrigada, minha querida, foi tudo perfeito!".
    Eu juro que disse mentalmente!
    De repente, a garotinha começou a falar: obrigada, minha filha, obrigada meu filho, obrigada, minha filha, obrigada, meu filho... ela falava e continuava brincando com seu brinquedinho, sem olhar para mim.
    Naquele momento eu não tive dúvidas...
    Somos todos interconectados, alguns ainda neste mundo físico, outros, em outra dimensão, mas todos interconectados. Entre nós, não há vazio... e tudo que propagamos chega, de alguma forma, a todos os outros. Porque somos todos parte d´ELE.
    Neste mundo, só aprendemos a propagar energia por meio do som, do tato, de tudo o que depende dos nossos sentidos físicos... Mas na vida REAL, aquela que vivemos DE FATO, tudo o que pensamos, sentimos, desejamos se propaga... algumas pessoas, mais sensíveis, conseguem captar isso mesmo quando vêm de outra dimensão que não esta em que vivemos.
    É nisso que eu acredito.
    Você está aqui conosco! E enquanto isto, muitos estão sendo levados, alguns de forma inesperada... porque é o destino de todos nós.
    Eu torço por você todos os segundos do dia. ELE não desistiu de você. No final tudo dará certo, acredite nisto com toda sua energia! CONFIE !

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  10. Querida Dani, pelo que eu vi nos comentários de sua mãe vcs tem um conhecimento da visão espírita , e isso por um lado é muito bom porque é a única doutrina que nos acalenta o coração para situações como a sua, apesar de ainda sermos muito pouco evoluídos para entender certas coisa...no entanto saiba que através destas tuas palavras você dá uma grande lição de vida para todos nós e isso é algo muito importante que esta fazendo....toda vez que leio o que vc escreve me auto avalio...Obrigada e muita luz pra vc....bjs

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  11. Dani, minha amiga, o desapego é algo fundamental nas nossas vidas. Digo nossas vidas, mas nem somos donos delas, se assim fosse, controlaríamos tudo. Achamos que temos este poder que na verdade não existe, digo, existe, mas não nos pertence. Achamos que somos donos dos nossos narizes, mas na verdade não somos. Não somos nós que decidimos quando vamos nascer nem quando vamos partir, não escolhemos os vizinhos que moram na casa ao lado. Não escolhemos se vai chover ou fazer sol... Ah! nós, seres humanos que achamos que somos muito, mas na verdade não somos nada.

    Dani, tudo passa, inclusive a nossa história, que é tão curta aqui. Essa vida não foi você que escolheu e tão pouco tem que ser obrigada a aceitá-la. Muitas vezes nossa vida é cruel, por diversas vezes, por nossas escolhas outras não. Cabe a nós apenas vivê-las.

    Amiga, tudo na vida tem um propósito, sei que é meio difícil aceitar isso, mas sei que hoje você é uma pessoa mais forte, sua família, seus amigos, seu marido... Tenho aprendido muito com você e sei que você é forte o bastante para continuar nos presenteando com suas palavras de sabedoria.

    Não se esqueça, no final dá tudo certo! beijo no coração.

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    1. Dani, certamente é muito difícil desapegar-se das pessoas que gostamos, na verdade ao longo de nossa vida vamos exercitando em maior ou menor medida o desapego, a cada fase de nosso amadurecer nos desapegamos do momento anterior, de algumas coisas não sentimos falta, mas de outras...
      Estou nesse momento me desapegando da minha preguiça e finalmente compartilhando um pouco do que penso com vc, deixando de ser egoísta que sou e que fico apenas aproveitando o que vc compartilha conosco.

      PS: Se descobrir como o avião voa sem bater as asas, me ajuda.

      Beijo.

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  12. Dani,
    Desculpe-me por repetir muitas vezes: “Que maravilha, que presente que você nos dá”. Cada texto é um presente muito importante e de uma multiplicidade incalculável. É também de um efeito temporal indefinido, pois se trata de um legado deixado por alguém quem tem autoridade para relatá-lo. Lendo os comentários sobe este texto vi que alguém escreveu de forma sucinta e objetiva: “É para refletir”! E é mesmo, é para refletir e mudar de vida. Será que praticamos o desapego quando não somos forçados por situações que independam de nossa vontade? Não nos cabe aqui julgar se fizemos ou não. Cabe-nos sim, refletir sobe o depoimento de alguém que, em plena lucidez, tem autoridade para falar sobre o assunto. A autoridade do relato é muito importante, quando lei seus relatos, lembro-me que lendo biografias de santos da Igreja católica uma me toca muito é a biografia de Santa Teresinha do Menino Jesus, Maria Francisca Teresa, este era seu nome de batismo, exatamente porque a biografia foi escrita pela própria pessoa, ou seja, por quem vivenciou os fatos. Portanto, entendo que o necessário é, no silencia de meu quarto, após a leitura de cada texto seu verificar o que devo fazer para ser uma pessoa melhor a partir do dia seguinte. Deus te abençoe e te dê resignação.

    Beijos,

    Tarcilio.

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  13. E vamos seguir tentando desapegar dessa dor imensa... te amo Dani. bjus

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